O cancro e o meio ambiente
O cancro e a adaptação ao meio ambiente
O ser humano consegue sempre uma forma de evoluir e adaptar-se às novas agressões ambientais, mas essa adaptação é na maioria da vezes imperfeita, gerando a probabilidade de erros. Por exemplo, no que diz respeito aos efeitos do fumo do tabaco, as adaptações são variadas. Nas pessoas que fumam, o epitélio respiratório, que é um epitélio muito delgado, com células altas, colunares, é substituído ao fim de um certo tempo por um epitélio pavimentoso, muito mais resistente. Chamamos a essa substituição metaplasia. Neoplasia significa tecido novo, metaplasia significa substituição de um tecido por outro. E uma forma de conseguirmos suportar as agressões do fumo. Todas as pessoas que fumam ou vivem em ambientes com fumo têm metaplasia do epitélio respiratório e não morrem por causa isso. Ao desenvolvermos uma metaplasia, que é a prova de que a nossa espécie ainda é capaz de se adaptar, substituímos um epitélio por outro. Mas, em algumas pessoas, ao fazer-se essa substituição, ocorrem erros e isso é que pode causar o cancro do pulmão. Simplificando o problema, poderíamos dizer que muitos cancros do pulmão e de outros órgãos (laringe, esófago e até bexiga) são o resultado de erros que aparecem quando estávamos a procurar adaptar-nos à poluição atmosférica em geral, e ao fumo do tabaco em particular.
O cancro e o nosso estilo de vida
O cancro como todas as doenças, surge como resultado da interacção entre o ambiente e os nossos genes. É uma consequência do nosso estilo de vida sobre a nossa susceptibilidade genética. O peso relativo destes dois factores é difícil de quantificar Apesar desta limitação, é possível garantir que a influência ambiental é muito mais importante que a susceptibilidade genética. As agressões ambientais não levam inexoravelmente ao desenvolvimento de cancros. Há muitas outras doenças, mais frequentes do que o cancro, que também se devem, em grande parte, ao nosso estilo de vida. Por exemplo, a tensão arterial elevada, muito frequente entre nós, leva a acidentes vasculares cerebrais e a enfartes. O sal, a comida fast food, a obesidade, o estilo de vida, o stress trazem como resultado a arteriosclerose e a hipertensão arterial, que condicionam as taxas altíssimas de acidentes vasculares cerebrais e de enfartes em Portugal. (A mortalidade devida a estas doenças é bastante maior que a mortalidade devida a doenças oncológicas).
Formas de prevenção
- Se é fumador, deixe de o ser o mais rapidamente possível. Não fume na presença de não fumadores.
- Evite a obesidade.
- Pratique, diariamente, exercício físico.
- Aumente a ingestão diária de vegetais e frutos e limite a ingestão de alimentos contendo gorduras animais.
- Modere o consumo de bebidas alcoólicas, tais como cerveja, vinho e bebidas espirituosas.
- Evite a exposição demorada ou excessiva ao sol. É importante proteger as crianças, os adolescentes e os adultos com tendência para queimaduras solares.
- Cumpra as instruções de segurança relativas a substâncias ou ambientes que possam causar cancro.
- As mulheres devem fazer o rastreio do cancro do colo do útero (Papanicolau) e o rastreio do cancro da mama.
- As mulheres e os homens devem fazer o rastreio do cancro do cólon e do recto.
- Participe em programas de vacinação contra a Hepatite B de acordo com as normas da Direcção-Geral da Saúde.
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