Terapia pela Dança

Terapia pela Dança

A terapia pela dança, também designada por terapia através da expressão corporal, utiliza a expressão corporal em vez da comunicação verbal para tratar pessoas com problemas mentais. Também se tem revelado útil no caso de pessoas cegas e mudas, especialmente crianças, alargando as suas formas de expressão, e nos processos de reabilitação de acidentes vasculares cerebrais ou outras lesões que afectem o movimento e a coordenação.

Origens

Embora a dança e o movimento tenham sido desde tempos imemoriais utilizados como forma de expressão, de divertimento e em rituais religiosos, as bases da terapia pela dança foram lançadas pouco depois da I Guerra Mundial, quando pioneiros de dança moderna começaram a criar coreografias que exprimissem os seus sentimentos íntimos. Por essa mesma altura, começavam a surgir novas abordagens ao tratamento das doenças mentais, e os terapeutas reconheciam a importância do uso dos movimentos corporais na expressão de emoções que os doentes não conseguiam traduzir por palavras.
Uma das primeiras profissionais desta forma de terapia foi Marian Chace, uma professora de dança que, tendo observado que o movimento físico ajudava as crianças emocionalmente perturbadas, começou a insistir mais na sua necessidade de se exprimirem do que no seu domínio da técnica. Na década de 40, um psiquiatra impressionado com os seus resultados convidou Marian Chace a trabalhar com doentes mentais do St. Elizabeth’s Hospital, em Washington, DC. Nos anos seguintes, Marian Chace tornou-se conhecida pelos resultados que conseguia obter. Conseguira demonstrar que, por meio da dança e da expressão corporal, doentes anteriormente considerados em estado de regressão e inibição intratável conseguiam participar em actividades de grupo e exprimir os seus sentimentos, mesmo que fosse apenas através da mímica e do movimento, e não verbalmente.

Os profissionais

Os terapeutas pela dança são geralmente profissionais com uma sensibilidade altamente treinada no que diz respeito ao movimento e à expressão corporal, que lhes permite estabelecer com os doentes uma relação que não está dependente da comunicação verbal.

Quando se utiliza

Os terapeutas de dança (ou de expressão corporal) trabalham com pessoas com problemas sociais, emocionais, cognitivos e/ou físicos. Praticam em hospitais, incluindo hospitais psiquiátricos, centros de dia ou de apoio a doente mentais, instituições prisionais, centros de reabilitação, clínicas, lares e centros de idosos. O seu trabalho nestes dois últimos tipos de instituições é especialmente importante entre os doentes de Alzheimer e outros doentes incapazes de um relacionamento social normal. Alguns treinadores desportivos usam a terapia pela dança para melhorar a agilidade dos seus alunos. Os doentes podem ser enviados a estes terapeutas pelos seus médicos, psicólogos, professores ou assistentes sociais.

Como actua

Os participantes são encorajados a sentir as suas tensões musculares e a tomarem consciência da forma como as suas emoções podem modelar a sua postura e os seus movimentos. Desenvolvendo esta consciência, os doentes vão conseguindo exprimir os seus sentimentos através de movimentos e de mímica facial, habitualmente ao som de música. Com a continuação da terapia, os movimentos poderão vir a ser interpretados e discutidos numa perspectiva intrapessoal e na interacção com os outros.

Mesmo um doente numa cadeira de rodas pode beneficiar da interacção social e do movimento da terapia pela dança. Para outros, esta terapia pode ser um aspecto importante da sua reabilitação física e emocional.

O que esperar

Os doentes são ensinados a usar o corpo em movimentos que o terapeuta está treinado para interpretar. Por meio de uma linguagem corporal rítmica, por exemplo, uma criança autista pode atingir um certo controle físico e uma capacidade de expressão corporal que certamente contribuem para a sua melhoria emocional e física.
O emprego da terapia pela dança em crianças com distúrbios motores, como a paralisia cerebral, tem objectivos múltiplos: ajudá-las a adquirir força, a aperfeiçoar a coordenação e a ter prazer no movimento sem receio de falhar. Os mesmos objectivos se aplicam a um doente mais velho, vítima de acidente vascular cerebral ou traumatismo craniano.
Num grupo, as pessoas mais inibidas podem conseguir um sentimento de ligação dando as mãos e olhando para os outros participantes. A dança e o movimento podem igualmente ter um papel positivo na recuperação emocional e física de sobreviventes de acidentes de trânsito graves, de grandes queimaduras ou de outros acidentes que exijam uma reabilitação prolongada e possam levar a invalidez permanente.
À medida que a terapia vai avançando, podem ser prescritas aos doentes determinadas tarefas para realizarem por si próprios no seu dia-a-dia ou ser-lhes pedido que preparem uma dança que o terapeuta e o grupo interpretarão em conjunto.



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