Medição da obesidade

Medição da obesidade

A obesidade pode ser definida utilizando diferentes medidas, sendo o índice de massa corporal, pela sua aplicabilidade prática, o mais utilizado, nomeadamente em estudos populacionais de larga dimensão. O índice de massa corporal (IMC) é um cálculo matemático, muito antigo, proposto inicialmente por um cientista belga, Quetelet, de quem usou muito tempo o nome. Para os adultos, o índice de massa corporal obtém-se dividindo o peso em quilogramas pelo quadrado da altura, em metros (nas sociedades de tradição anglo-saxónica tem um equivalente não-métrico: razão do peso em libras pelo quadrado da altura em polegadas, multiplicado por 703!). Embora seja uma variável contínua, o índice de massa corporal costuma ser considerado em categorias, cujos limites e designações foram mudando, e as pessoas classificadas de acordo com elas. Assim, um adulto é considerado:
– Com baixo peso, se o índice de massa corporal for inferior a 18,5 kg/m2.
– Com peso normal, se o índice de massa corporal se encontrar entre 18,5 e 24,9 kg/m2.
– Com excesso de peso, se o índice de massa corporal estiver compreendido entre 25,0 e 29,9 kg/m2.
– Com obesidade, se o índice de massa corporal for igual ou superior a 30,0 kg/m2.

Adicionalmente, algumas classificações ainda subdividem a categoria obesidade de acordo com classes de 5 kg/m2, reflectindo formas crescentemente mais graves.

De acordo com critérios definidos pela Organização Mundial de Saúde, é possível classificar os indivíduos em diferentes classes segundo o valor do seu índice de massa corporal.
Importa salientar que o índice de massa corporal pode ser uma medida enganadora perante situações em que há uma massa muscular muito desenvolvida (responsável pelo peso), bem como em mulheres grávidas ou a amamentar, situações em que sobrestima a gordura corporal. Pelo contrário, pode subestimar a gordura corporal em idosos que, como parte do processo de envelhecimento, perderam massa muscular.

Em todos os casos, parece haver uma diferença bem marcada na classificação individual quando o cálculo do índice de massa corporal é feito com base em medições objectivas ou através da informação fornecida pela pessoa. Os valores médios das diferenças para cada indivíduo, entre o valor declarado e o que foi medido, são bem diferentes do que se esperaria e que seria zero! Verifica-se em ambos os sexos uma tendência geral para indicar pesos menores que os reais e estaturas mais elevadas, o que resulta em índices de massa corporal mais baixos. Deste modo, não só a caracterização individual quanto a definição da prevalência da obesidade numa população devem ser feitas tendo como base medições objectivas e padronizadas do peso e da altura. De outro modo, são sistematicamente subestimadas as frequências de obesidade. Em crianças e adolescentes o índice de massa corporal é calculado de forma diferente da que se usa em adultos. Porque os rapazes e as raparigas têm um ritmo diferente de crescimento, o índice de massa corporal é calculado de forma específica para o sexo e a idade.

Uma criança é considerada:

– Com baixo peso, se o índice de massa corporal estiver abaixo do percentil
– Com peso normal, se o índice de massa corporal se situar do percentil 5 até abaixo do percentil 85.
– Em risco de excesso de peso, se índice de massa corporal se situar entre o percentil 85 e o percentil 95.
– Com excesso de peso, se o índice de massa corporal for igual ou superior ao percentil 95.

Mas a primeira dificuldade em avaliar obesidade em crianças e adolescentes advém do facto de não existir uma definição consensual. Existem mais duas usualmente utilizadas, uma da International Obesity Task Force (IOTF) e a outra da Organização Mundial da Saúde (OMS). A International Obesity Task Force utiliza como referência os dados de Cole e colaboradores (British Medicai Journal 2000;320:1240-3), que estimaram para cada idade e sexo qual o índice de massa corporal que correspondia a 25,0 Kg/m2 e 30,0 Kg/m2 nos adultos – valores considerados, como já vimos, para a definição, respectivamente, de excesso de peso e obesidade nos adultos – assumindo que, para cada idade e sexo, o valor correspondente aos pontos de corte no adulto definem as respectivas categorias nas crianças e nos adolescentes. A Organização Mundial de Saúde propôs que se considerasse obesos os indivíduos que têm índice de massa corporal superior ao percentil 95 para o sexo e a idade, e com excesso de peso aqueles cujo índice de massa corporal se encontra entre o percentil 85 e 95 para o sexo e a idade. Ainda alguns países, ou estudos, fazem as suas próprias curvas de distribuição com base em amostras consideradas representativas, para definir o ponto de corte, enquanto outros adoptam curvas de outros países.



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