O que é e Quais os cuidados a ter com a APLV (Alergia à Proteína do Leite de Vaca)
A Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) requer cuidado e atenção de toda a família. Saiba por quê.
Atualmente, a APLV atinge de 2% a 5% das crianças. As principais causas são fatores genéticos (pais ou parentes próximos que já tenham tido a alergia) e consumo precoce de alimentos alergênicos (leite, ovo, soja…) – já que o sistema imunológico dos bebês ainda não está bem desenvolvido.
Como esta alergia, geralmente, se manifesta em crianças com até 6 meses de idade, com o passar do tempo o sistema imunológico desenvolve tolerância à proteína do leite de vaca, e a alergia desaparece até os 3 anos de idade.
Quando ela se prolonga além desse período, a tendência é que a criança permaneça mais tempo com APLV.
Cuidados na alimentação da mãe e do bebé
Através da amamentação, a mãe passa para o bebê os nutrientes e proteínas que consome em sua alimentação. Com a proteína do leite de vaca não é diferente. Por ela também ser transmitida ao bebê, a mãe precisa mudar sua alimentação, não consumindo alimentos com leite, ou mesmo traços de leite.
Todo cuidado com a alimentação é importante. Desde a compra dos alimentos até a limpeza de utensílios onde tenha sido colocado leite deve receber atenção extra. Por isso, a colaboração de todos da família, inclusive do pai da criança e de outras pessoas que ajudam no preparo, manuseio e compra dos alimentos, é fundamental.
1. Quais os principais sintomas de quem tem Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV)?
Os sintomas são muito variáveis e incluem:
dor abdominal, que pode se expressar como choro/desconforto após a ingestão da proteína do leite de vaca;
distensão abdominal (“barriga inchada”);
eliminação de gases, vômitos e regurgitação também desencadeados pela ingestão da proteína.
Alguns pacientes ainda apresentam fezes muito líquidas e explosivas, que se associam à assadura que se mantém mesmo com intenso cuidado na troca de fraldas.
O quadro clínico mais característico é a eliminação de fezes com muco (aparência de catarro) e raias de sangue.
Sugerem o diagnóstico:
filhos de pais com história de asma na infância, alergia de pele, irmãos com história de alergia e exposição precoce à proteína do leite existente nas fórmulas para bebês comercialmente disponíveis (uma única mamadeira de fórmula no berçário já pode sensibilizar a criança suscetível).
2. Qual a diferença da intolerância à lactose?
Os principais componentes alimentares são: as proteínas, os carboidratos (açúcares) e as gorduras. A lactose é o açúcar do leite e esta já é uma grande diferença.
A digestão da lactose necessita da ação de uma substância (enzima) presente no intestino. O indivíduo com intolerância à lactose ou perdeu esta enzima (por verminose, doença intestinal, diarréia por vírus: intolerância secundária à lactose) ou o seu organismo parou de produzir a enzima (isto é geneticamente determinado e se chama intolerância primária à lactose). Esta última é a forma mais comum, e a perda da enzima se dá a partir de 2 anos de idade, sendo permanente (atinge a vida adulta).
A alergia à proteína é uma doença inflamatória, desencadeada pela exposição do indivíduo a uma proteína reconhecida como estranha, acontece no primeiro ano de vida e é transitória. À medida que o paciente amadurece, o intestino também amadurece os seus mecanismos de defesa, tornando-o apto a digerir proteínas estranhas sem causar inflamação.
Na intolerância à lactose, pequenas quantidades de lactose poderão ser toleradas, a depender da quantidade de enzima que não foi perdida.
Na alergia, qualquer quantidade pode desencadear os sintomas: por ex. para quem tem alergia à picada de inseto tanto um inseto quanto vários desencadeiam os sintomas.
3. O que os pais devem fazer quando descobrem que o filho tem APLV?
Seguir estritamente as orientações do seu médico, que deverão incluir a restrição de leite e derivados da dieta da criança. O aleitamento materno deverá ser mantido e encorajado, mas a mãe deverá seguir uma dieta também sem leite e derivados. Como a fração da proteína que é mais alergênica não se encontra na carne bovina, este alimento está permitido.
O médico deverá fornecer aos pais uma lista de produtos contido em rótulos e que não são facilmente reconhecidos como derivados do leite.
A exclusão da proteína deverá ser por pelo menos 1 ano após a instituição da mesma.
O diagnóstico é clínico (ou seja, resposta à retirada do alimento ofensor): nenhum exame laboratorial ou ultra-sonográfico é capaz de fazer o diagnóstico.
4. A Alergia à Proteína do Leite de Vaca dura, em média, quantos anos?
Habitualmente, 70-80% das crianças tratadas estarão livres da alergia entre 2 e 3 anos de idade.
5. Quais exemplos de alimentos não indicados para consumo por quem tem APLV?
Leite natural ou em pó, preparações com leite, derivados do leite (queijo, iogurte, manteiga, margarina), sorvetes, bebidas lácteas, biscoitos recheados, achocolatados, chocolates e produtos industrializados em mesmo ambiente que aqueles com leite. Soja no primeiro ano de vida pelo risco de alergia à soja, que pode ocorrer em até 60% dos casos.
Nos rótulos, observar a existência de produtos como: lactose (pelo risco de contaminação com traços da proteína), lactato, caseína, caseinato, ácido láctico, soro do leite, traços de leite etc.
Pode-se usar leite de ovelha ou cabra?
A proteína do leite da cabra e da ovelha tem uma homologia (semelhança genética) de aproximadamente 90% com a da vaca, sendo comum o desenvolvimento de alergia cruzada a estes alimentos.
6. Existe alguma medicação ou suplemento que a criança precisa ingerir no período em que tem APLV?
Algumas crianças necessitarão de suplementação de cálcio, mas a maioria receberá uma fórmula já enriquecida com cálcio. Nenhum medicamento testado (anti-alérgicos ou anti-inflamatórios tipo cortisona) se mostraram eficazes no tratamento da alergia.
7. Ter APLV pode influenciar no desenvolvimento físico e mental da criança?
Se a criança não for adequadamente orientada do ponto de vista nutricional e médico (com visitas periódicas para monitoração do peso e do comprimento), poderá haver desutrição, o que no primeiro ano de vida, implica em alterações no desenvolvimento físico e mental.
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